Coluna do Presidente, nº 08
por Philipe Deschamps

ENTREVISTA COM O ATACANTE CHAVES

Uma entrevista com o atacante Chaves não precisa de nenhum motivo especial para acontecer. A história e os números do jogador no clube já justificariam uma entrevista para esta coluna. Aos 29 anos, o camisa 10 é um dos fundadores do time, é membro do Conselho Deliberativo, é artilheiro absoluto da equipe e o jogador que mais vezes vestiu a camisa do Ellite (já jogou mais até do que o presidente!).

Junto comigo e com o lateral Guil, ele forma o trio de jogadores que estiveram em campo no primeiro jogo da história do time e que ainda permanecem no elenco, nove anos depois. E vejam que coisa: ele passou em branco nesse primeiro jogo... não marcou nem um golzinho sequer! Mas o jejum não durou muito tempo e a partir do segundo jogo ele começou a marcar um a um os gols que o deixam, hoje, à beira dos 500.

Não bastasse isso tudo, mais um fato o coloca na berlinda: perdeu o pênalti que desclassificou o time da Copa Country Clube. Tudo isso me fez ter a idéia de entrevistá-lo. Para o bem ou para o mal, ele está na ordem do dia. Vamos ler o que ele tem a dizer. É a história do Ellite que segue nas linhas abaixo.

1.Vc está a 11 gols de fazer o gol de número 500 com a camisa do Ellite. Qual é a sua expectativa? Está ansioso? Gostaria de marcar contra algum time em especial?

CHAVES: No momento não, pois ainda faltam 11. Acredito que quando faltarem 2 ou 3 gols a expectativa vai aumentar. Se pudesse escolher um time, com certeza escolheria o ARK, por ser o nosso maior rival e por ter sido um dos times no qual marquei mais gols.

2. Vc, sozinho, tem praticamente um terço dos gols do time. É uma marca fantástica. Tem consciência do que vc representa para o Ellite?

CHAVES: É engraçado pensar que posso representar alguma coisa pra alguém, mas sei que tenho a responsabilidade de ser uma referência não só para o time, mas também para muitas pessoas que se envolvem com o Ellite, como amigos, primos, sobrinhos.

3. E o Ellite? O que representa pra vc?

CHAVES: O Ellite, como já tive a oportunidade de falar, é a forma de realizar um sonho. Sei que tinha a capacidade de um dia me tornar um jogador profissional. Sonhava com isso desde os 4 ou 5 anos, mas infelizmente não consegui. A cada jogo, a cada gol que fazemos, é um pouco do meu sonho sendo realizado. Pensar que por um simples ato (o de jogar futebol), e vendo que sou um cara comum, sem mídia e fama, eu consigo cativar as pessoas... é muito louco, isso me orgulha e me emociona. É um sonho realizado pelos meus amigos e o Ellite a cada jogo.

4. E o gol 1.000 com a camisa do Ellite? Vc já pensou nisso? (ou, a exemplo do Guedão, acha que não chegará lá porque "Deus tem outros planos pra vc?") [risos]

CHAVES: Pensar ainda não, mas é um objetivo futuro e, com isso, a certeza de que daqui a 10, 20, quem sabe 30 anos, estarei jogando no Ellite e, consequentemente, perto dos meus amigos.

5. A que vc atribui o sucesso do Ellite, inabalável após 9 anos de convivência?

CHAVES: A amizade: a cada pessoa que já passou e deixou alguma história. Acima de tudo, o Ellite é uma instituição com um objetivo bem claro, manter as amizades e fazer novos amigos.

6. Vc foi contra, inicialmente, a entrada do Ellite na Copa Country. Achou que valeu a pena? Como avalia a nossa participação no campeonato?

CHAVES: Com certeza valeu, mas é bom dizer que fui contra porque muita gente não poderia se dedicar integralmente aos jogos. Além disso, o nosso time é uma equipe de amigos, sem o objetivo da competição. Achava que isso seria uma grande dificuldade. Tanto foi que precisamos chamar outras pessoas... Em relação a participação, tinhamos condições de chegar mais longe.

7. Alguns jogadores (eu inclusive) acharam que vc perdeu o pênalti nas oitavas de final da Copa Country porque mudou sua forma de bater, tentando uma paradinha sem sucesso, ao invés de chutar forte e com convicção como vc sempre bate. Como vc explicaria o pênalti perdido?

CHAVES: Escutei muitas opiniões, mas na verdade não percebi nenhuma mudança de comportamento. Fui convicto e tranquilo para fazer o gol. Infelizmente perdi. Sei que todos estão sentindo, pois foi uma grande superação que tivemos na partida. Futebol é isso: em um fim de semana fui herói; no outro, vilão, mas sei que todos têm confiança em mim, e isso não vai me abalar.

8. Alguns dias depois da perda do pênalti, alguns jogadores do Ellite, começaram a te chamar de Roberto Baggio, numa alusão ao craque italiano que perdeu o pênalti que deu o tetracampeonato ao Brasil em 94. Vc ficou chateado com a brincadeira? Como encarou essa situação?

CHAVES: De forma alguma. Obviamente, preferia que tivessem falando sobre o gol que fiz nos descontos, mas posso olhar isso pelo lado bom: o de que todos os meus atos em campo representam muito para o time.

9. Se tiver um pênalti decisivo em um próximo jogo. Vc se apresenta novamente para bater ou prefere deixar outro jogador cobrar?

CHAVES: Com certeza, se estiver me sentindo bem, não tem porque não bater. Um pênalti perdido não vai abalar a história que tenho no Ellite

10. Tivemos vários convidados jogando conosco no campeonato (Rafinha, Daniel e Cebola) e no Aterro recentemente (Marco Aurélio e Felipe Castro). Vc acha que o Ellite precisa de reforços? Tem alguma posição específica que vc considera carente no time?

CHAVES: Sim, o Ellite precisa de reforços. Temos um grupo pequeno e por diversos motivos nem todos podem comparecer sempre. Precisamos de um zagueiro, um lateral e um meia armador.

11. Vc foi o jogador a ocupar o cargo de técnico por mais tempo, entregando-o recentemente ao Guedão. Como vc avalia o trabalho dele? Vc aceitaria assumir o cargo futuramente por mais um período ou acha que já fez o seu papel como técnico?

CHAVES: O momento pedia uma pessoa como o Guedão, tranquilo e centrado, que pudesse acalmar os ânimos que estavam tensos. Acredito que tem sido bom. Nunca mais, não digo, mas não tenho a intenção, prefiro exercer minha liderança dentro de campo, acho que rendo mais desta forma.

12. Vc é um jogador que fala bastante em campo e se irrita com freqüência nos jogos. A que vc atribui isso? Vc se considera o mais chato do time em campo?

CHAVES: Sou uma pessoa com temperamento forte e que cobra muito. Não me vejo como um chato, sei que muitas vezes me excedo, mas busco, sempre com a experiência que tenho, fazer o melhor para o time. Reclamo sim, mas também sou um dos que mais incentiva e enaltece os acertos dentro de campo.

13. Além de artilheiro absoluto do time, vc é o jogador que mais vezes vestiu a camisa do Ellite. Entre os mais de 230 jogos que vc disputou, qual foi aquele inesquecível? E entre os quase 500 gols, qual é aquele que vc nunca vai esquecer? E o mais bonito?

CHAVES: É difícil destacar apenas um jogo, mas tenho na lembrança dois jogos contra o ARK, em que vencemos por 7x6 e 6x5 (no primeiro fiz 6 e no segundo 5 gols). Mais recentemente teve esse jogo contra o Realeza (9x9) com um gol meu de bicicleta nos descontos. É difícil lembrar de um gol específico, mas os decisivos são sempre os mais marcantes.

14. Vc já fez gol pelo Ellite de perna direita, perna esquerda, de cabeça, de peito, de pênalti, de falta, de bicicleta, gol olímpico, de voleio, em jogada individual, em tabela, etc... Tem algum que ainda falta marcar?

CHAVES: O próximo.

15. O prêmio de destaque do ano é distribuído pelo Ellite desde 2002. Nunca nenhum jogador ganhou duas vezes. Vc acha q este ano teremos um inédito bicampeão ou teremos uma novidade? Na sua opinião, quem é o destaque do ano até aqui?

CHAVES: O destaque foi uma idéia do Conselho, e tem com o intuito premiar a evolução e o ano de um jogador. Pensamos, na verdade, em incentivar a cada ano um jogador diferente e levantar o astral da equipe. Com certeza é muito bom vencer e por isso é bom que todos vençam. Até o momento, o ALEX é o destaque do ano.

16. Pra terminar, como fiz com o Guedão, vou pedir para vc escalar o seu time do Ellite de todos os tempos.

CHAVES: Vou esclar um time com um esquema diferente, com dois zagueiros e dois alas, pois o Márcio e o Paulão não podem ficar de fora: Adriano, Paulão e Márcio; Guil, Alex, Juninho e Marreco; Chaves.
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